O restaurante Boa Bao abriu em junho de 2018, no Porto, com uma difícil marca em seu retrovisor: repetir o sucesso da unidade inaugurada um ano antes em Lisboa. A longa reforma cumpriu a primeira parte do desafio, transformando a antiga casa da rua Picaria em um espaço amplo, com ares de Saigon dos anos 1920 (na primeira vez que fomos já havia anoitecido e me senti numa cena de “Indochina”; na segunda visita, durante o dia, nem tanto). Plantas, mesas bem próximas umas das outras, luminárias de madeira e um salão que lembra um jardim de inverno ajudam a criar o clima.
O menu do Boa Bao diz que a casa oferece “o mais entusiasmante lado da Tailândia, Vietnã, Laos, Camboja, Malásia, Indonésia, Filipinas, Coreia, Japão e China”. Mas os destaques ficam concentrados mesmo na China (com os vários tipos de Dim Sum – entradas servidas em pequenas porções para compartilhar – e os Gua Baos – um pãozinho taiwanês com recheios variados), Malásia (com seus caris adocicados e mais suaves que os indianos) e Tailândia (também com ensopados à base de curry e os deliciosos Pad Thai, um macarrão de arroz frito). A carta de drinques e mocktails (sem álcool) também é farta.
São muitas as opções imperdíveis. Nas entradas, o Gua Bao de frango marinado em tamarindo é simplesmente perfeito. A massa é fofinha na medida (nem muito mole, nem muito úmida) e a carne vem laqueada, com uma casquinha agridoce, bem temperada e picante na medida. Outra pedida aprovadíssima é o Gua Bao de robalo, um pouco mais apimentada e guarnecida com um picles de rabanete amarelo e uma maionese picante absolutamente saborosa.
Provamos quatro dos dez tipos de caril e o eleito é, de longe, o massaman de frango e coco. Além de bem servido, tem um equilíbrio delicado entre o doce do leite de coco (e da pasta de tamarindo, desconfio eu) e o apimentado. O prato vem acompanhado de uma guarnição à escolha do freguês (entre os diferentes tipos de arroz e vegetais, o arroz de jasmim combina à perfeição com o caldo do prato).
Também tivemos um crush à primeira vista (e depois à segunda, à terceira, à quarta) com o pad thai, um noodles de arroz servido com vegetais. Aqui o sabor é declaradamente agridoce e refrescante, com bastante cebolinha, brotos de feijão e limão, além de amendoim picado. É um dos pratos mais comuns da Tailândia, e no Boa Bao ganhou duas versões: com tofu e com camarão tigre. Escolhemos a segunda e não nos arrependemos.
Para a sobremesa, pegamos um avião de volta ao Ocidente e fomos de crème brûlée de coco, servido com manjericão e capim-limão. É preciso dizer que a descrição do doce e a expectativa por essa releitura do clássico francês são melhores que o doce em si. Não que estivesse ruim, bem longe disso, mas depois de tantas misturas de sabores e texturas e de tantas agradáveis surpresas, a régua estava alta e o crème brûlée tropical decepcionou. O que em absoluto significa que uma nova visita esteja descartada. Assim como a unidade de Lisboa, o Boa Bao do Porto vem provando fazer jus ao sucesso que o tornou um dos restaurantes mais concorridos da cidade.
Dica
Às sextas-feiras à noite e aos fins de semana no almoço e no jantar o restaurante Boa Bao é disputadíssimo. Faça uma reserva ou escolha um horário alternativo. Como a cozinha não fecha (coisa não muito comum no Porto e que já garante pontos extras a qualquer restaurante) é possível almoçar em horários não convencionais.
Horário
Domingo a quinta-feira, das 12h às 23h
Sexta-feira e sábado, das 12h à 00h30
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